quarta-feira, 20 de maio de 2009

Touros de Morte

Nunca assisti a uma tourada ao vivo. Aquelas roupas "amaricadas" dos toureiros metem-me confusão, e nada me tira da cabeça que os ditos usam uma meia nas cuecas para criar volumes exagerados. São eles e os bailarinos checos. Pronto, não acho piada e também não acredito que uma tradição possa justificar tudo. Mantivessemos nós as mesmas tradições que tinhamos há 300 anos atrás e ainda hoje usávamos perucas ridículas e folhos nas camisas.

Mas, no outro dia, ouvia na rádio um debate sobre touros de morte. Um senhor de uma ganadaria explicava que estes touros crescem com bastante liberdade, com abundância de alimento e muita vaquinha para lhes satisfazer os apetites sexuais, ou seja, são verdadeiros playbulls. Feitas as contas, passam anos de prazer e têm apenas uma horinha de algum sofrimento. Como já disse, isso não justifica os touros de morte, mas a verdade é que estão bem melhor que os touros de engorda que devorámos frequentemente e desses ninguém tem pena.

O belo do bife que vai à nossa mesa, cresce frequentemente em cubículos nauseabundos, vive mal e acaba mal, não poucas vezes com uma marretada na cabeça. E que dizer dos frangos e frangas que crescem de igual modo, engordados à pressão, e mesmo depois de mortos se expõem com a dignidade de uma puta nua numa montra de Amsterdão, só que estes é na prateleira do supermercado. Todos abertos. Não esqueço também os porcos, mal tratados logo pelo nome, sendo que muitos deles não chegam sequer a porcos. Ficam-se por leitões e acabam na Mealhada com uma maçã na boca e um limão no cú.

Nem vou falar dos animais do circo ou dos que são utilizados na pesquisa de cosméticos. Isto de vestir "tutus" (acho que é assim que se chamam as saias das bailarinas) a elefantes e por rimel e batom em coelhos é, no mínimo, escabroso. Pior de tudo são as condições em que vivem e os maus tratos a que estão sujeitos.

Não é por causa disto que vou passar a gostar de tourada e a defender a existência de touros de morte, para mim as touradas continuarão a ser outras e envolvem copos e guitarradas pela noite dentro. De qualquer forma, hoje não acho tão descabidos os argumentos dos defensores da autorização dos touros de morte em Portugal, como achava há uns tempos atrás.